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Sonhos: nossa inspiração ou nossa prisão?

Por muitos anos eu me dediquei a criar a minha vida dos sonhos. Tracei planos e metas para alcançar aquilo que eu desejava. Aprendi a usar vision boards e aplicar a lei da atração para manifestar meus desejos.

Muitos desses sonhos realmente se realizaram e quando eu percebi o poder de tudo isso que eu tava co-criando, comecei a falar sobre isso com todo mundo. Comecei a compartilhar com outras pessoas tudo o que eu tava aprendendo. Dei palestras e workshops e saí falando para os quatro ventos que todo mundo deveria criar a sua vida dos sonhos.

Mas em algum momento dentro da minha própria história, eu me perdi. Em uma busca incessante pela próxima coisa que eu queria manifestar, eu esqueci de olhar para os sonhos que já estavam sendo realizados. Aqueles sonhos que um dia foram só uma projeção criada pelo meu Eu Passado e que hoje eram a minha realidade.

Se algum dia eu sonhei em morar perto da praia, hoje ao invés de ir dar um mergulho no mar eu estava passando horas debruçada no meu plano de ação, estruturando a minha próxima grande conquista. Logo eu, uma pessoa que tem como um dos seus maiores valores a gratidão.

Bom, não é que eu deixei de ser grata… mas o que um dia foi “inspiração para criar a vida dos sonhos” acabou se tornando uma urgência para ter meus desejos atendidos cada vez mais rápido.

Eu comecei a atribuir a minha felicidade a esse cenário futuro, onde eu seria mais livre, mais independente e mais próspera. Tudo isso sem perceber a verdadeira abundância de tudo o que eu já conquistei. Virei prisioneira dos meus próprios sonhos, onde ao invés de me sentir mais livre eu estava sempre sendo refém do próximo passo.

Eu tive os primeiros sinais de que algo estava errado um dia que eu estava conversando com um amigo e ele disse que tinha uma bucket list de 10 ítens, e quase todos eles já estavam realizados. Minha primeira reação foi: apenas 10? Mas em seguida o pensamento foi “quase todos realizados???”.

Isso me fez pensar na minha própria bucket list, que sempre tive orgulho de dizer que tem mais de 300 ítens. Eu me dei conta de que eu passei mais tempo procurando coisas pra incluir na minha lista do que realmente dedicar tempo para fazer essas coisas. Eu queria tanto ter uma bucket list gigante que pra ser bem sincera, tem coisas lá que eu nem faço muita questão de realizar. So, what is the point?

É claro que é importante ter metas, fazer planos e criar a sua vida dos sonhos. É claro que devemos sonhar grande e termos todas as experiências que nosso coração desejar. Eu ainda sou a maior entusiasta de levantar a bandeira de fazer aquilo que você ama.

Mas como encontramos o caminho do meio? O caminho onde enxergamos a felicidade naquilo que temos hoje e usamos os nossos sonhos “apenas” como inspiração e combustível para um futuro cada vez melhor. Onde aproveitamos as dores e as delícias de experienciar a jornada ao invés de pensar apenas no destino final. Por mais clichê que essa frase seja, ela nunca foi tão verdadeira pra mim.

Todos esses questionamentos e reflexões vem rondando a minha cabeça nas últimas semanas. E depois de tantas crises de ansiedade e noites mal dormidas por conta desses conflitos internos, hoje eu começo uma nova jornada.

Uma jornada onde eu escolho seguir uma vida mais leve, voltando a apreciar o simples e a viver no momento presente. Voltando a usar os meus sonhos como uma inspiração para o meu futuro, ao invés de serem motivo de angústia por não alcançá-los logo.

Não estou jogando fora ou negando tudo o que compartilhei até hoje por aqui, mas estou adotando uma visão mais madura sobre a felicidade. In the end of the day, sou apenas uma humana buscando ser o meu melhor.

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